Olá, olá, a vida faz com que dêmos por nós a pensar… Faz-nos ter duvidas que se calhar não fazem sentido….Mas se há duvidas porque não clarifica-las? Nada melhor do que uma conversa com o meu caro colega e amigo Doutor em Direito, Hugo lança…Porque, digo eu, esta malta do Direito tem uma abordagem diferente das coisas…É que estudamos muito, fizemos(fazemos) muitas noitadas e no meio da leis, decretos e acordãos a cabeça e o corpo por vezes fogem, fogem para outros lugares….Dura Lex sed Lex…mas será que isso se aplica noutras conjunturas também?
« A geração da minha avó foi educada para ser boa dona de casa; a geração da minha mãe foi instruída para a hercúlea tarefa de conciliar a vida pessoal e profissional, sendo a principal cuidadora do lar; a geração na qual nasci veio ao mundo com o desígnio de ser boa na cama! E o drama tem tal dimensão entre as lisboetas que a minha amiga Teresa lembrou-se de perguntar-me o que raio significa ser boa na cama! Confesso que fiquei surpreendido por a pergunta ser colocada a um pobre provinciano: no Alentejo, um gajo bom na cama é aquele que consegue dormir dez horas seguidas sem ressonar… Mas, porque das poucas coisas que aprendi na cidade, é nunca deixar uma mulher com desejos, sacrifiquei-me, fiz pesquisa de mercado, obriguei-me a fazer o coito com labregas, labreguinhas e labregonas, e assim, tal como Platão na sua caverna, procurar trazer luz a uma temática pintada com os tons negros do barroco. A título de preliminares, preciso atacar a premissa inicial: a questão é decetiva, porquanto uma mulher boa na cama é, desde logo, aquela que não faz o coito na cama, antes o pratica nos wc, carros, elevadores, ginásios e ruas das nossas vidas (sendo obrigatório o coito oral na sala de cinema). Consultando a literatura sobre o tema (ou seja, as revistas femininas) conclui que é fácil uma mulher sem ótima no sexo: basta fazer o pino e a espargata, fazer o coito como uma contorcionista, conseguir cavalgar meio metro de altura durante 45 minutos sem borrar a maquilhagem nem desfazer o penteado, estar vinte e cinco horas por dia com o cio, ter por ambição fazer ménages, trios, quadrados, circunferências e orgias (embora, tendo o cuidado de nunca se deixar penetrar nem tocar por outro que não seja o seu macho), amar anal e oral, destacar parte da sua casa para replicar o quarto vermelho do D. Juan de Grey, vestir-se sempre com uma pega angelical, e, porque não só de sexo vive um homem, comer e beber como um elefante, sem nunca perder a linha. Tudo devidamente filmado, porque a memória é coisa do passado. Evidentemente que as maminhas têm de ser mamocas e, independentemente da idade, terem a vitalidade dos dezoito anos. Pelo que, só não consegue quem é preguiçosa e demasiado egoísta para deleitar o seu fiel e apaixonado companheiro. Tão importante como tudo isto, é nunca deixar-se encantar com os dislates daqueles que afiançam que uma mulher boa na cama é aquela que se entrega, num espírito de partilha e companheirismo e cultiva as mais importantes características da condição humana: a curiosidade e a coragem para expressar ao outro os seus desejos, sem temer convenções ou juízes de valores… »
Espero que juntos eu e o meu digníssimo colega tenhamos elucidado mentes mais perdidas… Porque isto, digo eu, a malta do Direito tem uma abrdagem diferente das coisas…