Uma jovem para minha idade, quando a vi a primeira vez achei-a bonita, mas achei também que tinha uma grande pancada (Ahahah!, desculpa, querida!) Mas quando ela dizia que os comprimidos cor-de-rosa eram lindos e femininos… pensei, esta está pior que eu e não sabe…, que os tome ela (cheguei a barafustar mentalmente).
Mariana é uma figura esguia com uns olhos azuis lindos, cabelos cor de prata, mas não me convencia com a beleza dos comprimidos…
No entanto, a enfermeira Mariana foi-se mostrando disponível para falar comigo. Dava-me alguns “raspanetes”, é verdade, mas que eram na realidade uns ” Abre Olhos!” e acima de tudo sempre acreditou em mim.
Passei a falar com ela periodicamente. Confortava-me a alma, mesmo sabendo que “nunca iria melhorar”, ficava baralhada quando ela me dizia que eu tinha potencial e iria voltar a viver a minha vida…
Chamava-lhe com algum gozo a “enfermeira fofinha”. Não se aguenta – pensava eu – quando ela nos dizia que éramos os mais bonitos do internamento…
Mas não é que a “enfermeira fofinha” era mesmo fofinha?!
Agradeço cada palavra que me disse.
No dia em que tive alta, fui sorrateiramente dizer-lhe: “Tenho tanto medo!” Ela sorriu e disse: “Não tenha, mas olhe, não se esqueça de nós!”
Continuo a não achar particularmente bonitos os comprimidos cor-de-rosa, mas esquecê-los? Jamais!